Uma História Simples
A mais ou menos um mês do Mundial de Futebol 2006, a realizar na Alemanha, foi editado um dvd intitulado Fifa Fever. Nele, encontram-se pedaços de história dos diversos mundiais, entre grandes golos, grandes defesas e grandes falhanços. Até aqui tudo bem, não fora um capítulo onde se lembram grandes “erros” de arbitragem – e onde, naturalmente, pontifica o vergonhoso Mundial de 2002, na Coreia do Sul e no Japão.
A história é simples: depois de, com toda a justiça, ter ganho o seu grupo, onde, inclusivamente eliminou Portugal (para os cínicos, esta não é uma prosa de ressabiamento e mau perder), a Coreia do Sul foi positivamente levada ao colo por tudo e por todos. Neste dvd, tal facto, que se estendeu inclusivamente à equipa espanhola, tendo cessado somente frente à (mesmo economicamente) poderosa Alemanha nas meias-finais, aparece expresso no Coreia do Sul 2 – Itália 1. Nele, vemos o momento em que Francesco Totti, podre de cansaço, cai, sem pedir pénalti, devido a um contacto legal com um adversário. O árbitro “interpreta”a queda como simulação, e, expulsa por acumulação de cartões amarelos o nº 10.
O mais sintomático de tudo acontece depois da expulsão. Giovanni Trappatoni, por quem, sendo benfiquista, tenho mais gratidão do que admiração, esmurra o banco de suplentes, perante o sorriso amarelo de um membro da Fifa. Este último parece dizer: “Estava escrito, aceita e aguenta”. Ao mesmo tempo, vários jogadores italianos, com especial ênfase no capitão Paolo Maldini, chamam todos os nomes possíveis e imaginários ao árbitro. Este expulsou mais alguém? Claro que não; o trabalho já estava feito.
Sabe-se que um dos árbitros do Mundial, o que anulou um golo limpo à Bélgica no jogo dos quartos-de-final contra o Brasil, recebeu da organização, interessada numa final entre os “canarinhos” e os coreanos, um luxuoso carro topo de gama. Sabe-se que ninguém fez nada, e que tudo foi denunciado muito timidamente. O que não se sabia era dos esforços propagandísticos da Fifa para afirmar semelhantes práticas como parte do jogo, como motivo de nostalgia a posteriori, talvez para que alguém se lembre que foi nesta altura que a Cátia Vanessa começou a andar com o Tó Manel e que nessa altura a vida era mais simples. É o preço que se paga por termos deixado que gangsters fossem bem aceites pela sociedade, desde que presidentes de clubes de futebol, árbitros ou empresários do desporto-rei.
Quem me dera saber deixar de perder tempo com esta merda.
1 Comments:
Mas depois o Rui Costa pega na bola, corre meio campo, chuta ao ângulo, é golo e tudo volta a fazer sentido.
By Daniel Pereira, at 16:48
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